terça-feira, 1 de abril de 2008

Série Mitologia nº. 1: Loki


Enigmático, volúvel, astuto, invejoso, misterioso e, certamente, uma das personagens mais fascinantes daquelas que freqüentam o panteão nórdico. Essas são algumas das palavras que servem para definir Loki, o deus da trapaça, dos truques e do sexo. Assim como a sua história, Loki é complexo, pois filho de gigantes – inimigos mortais dos deuses nórdicos, ele reside junto a eles em Asgard (o reino dos deuses), graças a uma promessa feita por Odin, o todo-poderoso dos deuses nórdicos. Tal promessa fez com que se tornassem irmãos de sangue, no sentido pactual.

Essa ligação com Odin deu-lhe poderes que ser algum de sua raça possuía, como por exemplo, a transformação em outros seres. Mas Loki é filho do gigante Farbauti e da giganta Laufey, que deu à luz após ser atingida por um raio disparado por seu marido.

Suas proezas foram muitas e em diversas ocasiões causaram muitos danos, inclusive físicos, aos deuses. Mas com a mesma rapidez que as cria ele as desfaz. Uma de suas façanhas que merece destaque foi a ocasião em que seduziu e levou para a cama todas as deusas nórdicas. Depois ele vangloriou-se do acontecido para os maridos traídos.

Outra de suas mais conhecidas e, com certeza, a mais terrível de suas artimanhas resultou na sua queda: a morte de Balder, o deus da luz e um dos filhos preferidos de Odin. O bondoso e popular deus Balder sofria de terríveis pesadelos, nos quais era assassinado. Odin então decidiu tomar algumas providencias para evitar a morte do filho e enviou Friga (a deusa-mãe da dinastia dos Aesir na mitologia nórdica), com a missão de fazer com que todas as coisas jurassem não fazer mal a Balder. No entanto, Loki disfarçou-se de mulher e teve uma conversa com Friga, onde a convenceu de que uma planta não prestara o juramento: o visco, pois a deusa julgara esta inofensiva a Balder. A morte do deus da luz foi causada por uma flecha, feita a partir desse visco, por Loki, que por sua vez enganou Holder, o deus cego, fazendo com que este atirasse em Balder matando-o. Como punição Loki foi aprisionado por Thor em uma caverna nas profundezas da Terra. Amarrado a três pedras com as entranhas de um dos seus filhos, onde espera o fim dos tempos de onde voltará para tomar o seu lugar como líder dos exércitos dos inimigos dos deuses. Tal acontecimento é conhecido como Ragnarök, o fim dos tempos.

quarta-feira, 5 de março de 2008

O Lado Forte do Frágil


Com o dia internacional da mulher próximo, vamos espiar o que ocorreu desde então. Esse dia foi conquistado pelas próprias mulheres quando, em 8 de março de 1857, trabalhadoras de uma indústria de vestuário e têxtil de Nova Iorque foram às ruas exigir melhores condições de trabalho. Tal evento não acabou bem, mais de cem mulheres foram trancafiadas na fábrica e queimadas vivas. Apesar de haver controvérsias e outra versão para os fatos, essa é a história mais conhecida. Mais tarde, durante a II Conferência Internacional de Mulheres, realizada na Dinamarca, em 1910, a alemã Clara Zetkin, propôs o dia 8 de março para o dia da mulher, em homenagem às operárias que morrem em Nova Iorque e assim ficou.
A data passou a ser comemorada em muitas partes do mundo e nesse dia, inúmeras mulheres se reuniam para discutir sobre seu papel na sociedade atual. Com o tempo essa festa esfriou, porém o feminismo na década de 1960 trouxe de volta as comemorações. Em 1975 o dia foi declarado internacional e passou a contar com o apoio da Organição das Nações Unidas (ONU).
Está presente no passado nomes de mulheres que mudaram seu tempo e influenciaram o mundo futuro. Entre alguns exemplos podemos encontrar figuras marcantes antes mesmo de Cristo, como Cleópatra; passando por Hatshepsut, cuja audácia fez dela a mulher mais importante a governar o Egito; e para citar nomes mais recentes temos Catarina I, alemã, proclamada imperatriz da Rússia no século XVIII; temos também a rainha Elizabeth e rainha Vitória ambas da Inglaterra e ambas com conquistas históricas; rainha de Sabá; Isabel I de Castela; e não podemos esquecer mulheres que não foram rainhas ou princesas, mas foram tão notórias quanto. É o caso de Joana D’Arc.; Anita Garibaldi; Tarsila do Amaral; Cecília Meireles; Chiquinha Gonzaga; Maria Montessori; Rosa Luxemburgo; Marie Curie; Agatha Christie; Rachel de Queiroz; Frida Kahlo; Madre Teresa; Irmã Dulce; Evita Perón; Anne Frank; Toni Morrison; Mary Shelley. São tantos nomes, muitas histórias as quais não cabem em um simples texto. Seja em qualquer parte e em qualquer arte, sempre houve e haverá mulheres dispostas a revolucionar seu meio. Dignas de respeito e merecedoras de direito.
Como nem tudo é festa, as mulheres sofreram para chegar ao reconhecimento. Vistas apenas como reprodutoras e senhoras do lar, elas não tinham direito a opinião, ao voto, ou nem mesmo a ter amigos. Elas já foram condenadas por sua beleza, reduzidas por sua inteligência e menosprezadas pela suposta fraqueza. Foram séculos de lutas e mortes, e hoje século XXI, são reconhecidas e respeitadas. Tudo bem que machões não foram extintos e ainda há desigualdade na carteira de trabalho, contudo, não se pode deixar de olhar pra trás e ver um caminho de conquistas.
Poderia encerar o texto aqui, mas se me permitem, gostaria de citar mais um nome que não consta nos livros. Um nome comum de uma mulher nada menos que vencedora. Ela se chama Dra. Ana Maria de Oliveira. Natural de Quixadá, Ceará, chegou a Goiânia ainda menina, para estudar e ter um futuro descente. Veio de uma família socialmente desfavorecida. Além de estudar tinha de trabalhar para se manter na cidade. Sofreu, cansou, lutou e nunca desistiu. Ana estudou em escola pública e fez faculdade de medicina na Universidade Federal de Goiás. Foram tempos mais difíceis e exaustivos e ela continuou firme em sua escolha. Ana fez uma meta, e conseguiu, com maestria, cumpri-la. Ao término da faculdade começou seu Mestrado e a construção de sua família. Ao entrar para o Conselho Regional de Medicina (CRM), passou pela tesouraria até chegar à presidência, hoje ainda faz parte do conselho. Seu doutorado é a da Universidade do Porto, de Portugal. Ana é um exemplo de pessoa, nesse mundo onde a maior parte delas se esquece dos sonhos e desistem fácil.
Para o dia da mulher fica então, marcado aqui, alguns adjetivos que definem como é a pessoa de Ana Maria de Oliveira. Uma mulher que fez, e continua a fazer história em seu meio. Excelente profissional, amiga excepcional e vitoriosa sem igual.

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

Vida na tela


Filmes fazem parte de nossas vidas. Mesmo algumas pessoas que dizem não gostar muito, assistem e são marcadas por eles. Parte de quem assiste vai além, e faz de todos os filmes assistido uma análise mais aprofundada, já a outra, os consideram apenas como mais uma opção de entretenimento.
Lá se vai mais de um século que o cinema foi criado, desde então houve muitas mudanças. Os filmes já não são mais os mesmos, os meios de fazê-los e apresentá-los também mudaram. Mas o importante é que não foi uma mudança negativa. Apesar do cinema hoje chamar alguns lixos de obra cinematográfica, no passado esse erro também foi cometido, nada é perfeito. Junto com o crescimento do cinema, veio o aumento de espectadores, de pessoas cada vez mais atraídas por essa arte.
Essa é uma atração que talvez seja difícil de explicar. Contudo, talvez seja certo dizer que esta relação ocorra pelo fato de identificação. Nos identificamos com as histórias relatadas. Os problemas desenvolvidos, as dores, as tristezas, as angústias, a solidão, a raiva, o rancor, o preconceito, a morte. Mas se por um lado temos o feio, pelo outro temos o belo. Com os filmes também rimos, nos alegramos, criamos esperanças, mantemos nossa fé, conseguimos ver o lado mais humano de tudo a nossa volta. Podemos descobrir com eles que o amor é mais que uma palavra; que para viver não precisa complicar as coisas; que amizades podem ser eternas e que sonhos podem ser realizados.
O prazer de poder assistir filmes não está escrito, é preciso mais do que palavras para descrever tamanho impacto, é preciso entrar para esse universo mágico. E para visitá-lo basta abrir a mente. A vida não será mais a mesma.

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

Os Mitos do Amanhã


Sempre fui um grande fã de quadrinhos, pela qualidade das histórias, das personagens, da arte envolvida no processo de criação e muitos outros fatores. Admiro muito essa forma de arte. Quando ela é bem tratada e quando está em mãos certas, apresentam idéias para produzir grandiosas histórias, que serão lembradas por anos e anos. Poderia citar e, analisar, muitos autores e suas obras que tratam com o respeito merecido as HQ´s, mas, tratarei aqui de Alex Ross e duas de suas obras mais conhecidas: Marvels e O Reino do Amanhã.

Ross é mundialmente conhecido pela maneira como trata seus trabalhos, forma que poucos profissionais nessa área faz com a mesma intensidade. A paixão, o cuidado e a dedicação que ele tem para as HQ´s são únicas. Prova disso é o fato delas permanecerem como referência de qualidade e de profissionalismo mesmo muitos anos após as suas publicações. Marvels e O Reino do Amanhã são os exemplos mais do que perfeitos disso. Ambas foram criadas para as duas maiores editoras de quadrinhos dos EUA e do mundo, a primeira HQ para a Marvel, a segunda para DC Comics. Retratavam os heróis e os seus mitos de maneira única, realista e surpreendente.

Alex Ross baseou suas pinturas nos competentes e brilhantes roteiros de Kurt Busiek para Marvels e de Mark Waid para O Reino Amanhã. Vale lembrar que ele também colaborou com ambos os autores na criação das histórias. Em 1994 chegou às bancas Marvels, uma mini-série em quatro partes que tratava do ponto de vista dos humanos, o surgimento e a explosão dos super-heróis na época em que a própria editora Marvel surgiu, na década de 1960. O Reino do Amanhã surgiria em 1996, também em quatro partes, esta mini-série da DC Comics mostrava um futuro violento, onde a convivência entre humanos e os novos super-heróis tornam-se cada vez mais difíceis, tendo como solução a volta dos antigos heróis para por ordem na casa. Elas foram republicadas no ano de 2004 aqui no Brasil pela Panini Comics, sendo que Marvels foi lançada em comemoração aos seus 10 anos de lançamento, em uma edição de luxo.

A principal diferença, no que diz respeito à história, entre as duas mini-séries reside na esperança. Enquanto em Marvels têm-se uma visão deslumbrante e mitológica sobre os super-seres. Em O Reino do Amanhã o que se vê é o pessimismo e a falta de fé dos heróis. O que une essas duas histórias são a qualidade do roteiro e as excelentes pinturas, que juntas apresentam uma trama muito bem elabora e desenvolvida, que nas mãos erradas se tornaria um eminente fracasso. Mas o que vêm as nossas cabeças, enquanto leitores é a grande diferença entre como as duas obras são feitas, o tom predominante nelas. Enquanto Marvels possui tons mais vivos, celebrantes e, até mesmo alegres, O Reino do Amanhã demonstra tons obscuros, depressivos e sem perspectiva, um claro exemplo disso é o emblema do Superman, agora sem o amarelo vibrante deu lugar ao preto (Bruce Wayne/ Batman até menciona isso a certa altura da história). Mas isso, ao contrário do que se possa imaginar não diminui o poder que as duas exercem sobre os leitores, é o oposto, só faz alimentar o fascínio e a admiração pelos personagens de ambas e, também, pelos seus artistas responsáveis.